maio 08, 2008

"Quem me dera que eu fosse o pó da estrada"

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida Olhando para trás de si e tendo pena...
Alberto Caeiro

Sem comentários: